Autora: Ana Carolina de Morais Rêgo Palmieri - Enfermeira de Educação Continuada
A infecção do trato urinário (ITU) é a presença de microrganismos potencialmente patogênicos no trato urinário (rim, pelve renal, ureteres, bexiga, uretra, próstata e epidídimo), causada por bactérias, podendo envolver fungos e vírus e podem ser sintomáticas ou assintomáticas.
Os uropatógenos podem invadir o trato urinário por três vias: a ascendente, a hematogênica e a linfática. A contaminação pela via ascendente é a mais importante e comum, causada por uma colonização periuretral de bactérias entéricas provenientes da microbiota intestinal devido a fatores mecânicos, defecação, sudorese e higiene pessoal. A via hematogênica responde por apenas menos de 2% das ITU documentadas e é desencadeada pela ocorrência de infecções renais por microrganismos Gram-positivos em situações em que existem alterações da resistência do paciente, alterações anatômicas ou funcionais nos rins, ou ambos, favorecendo a permanência da bactéria. Por fim, a via linfática é rara e necessita de maiores estudos (Dallacorte et al., 2007; Koch e Zuccolotto, 2009; Gupta e Trautner, 2013).Complicações Conforme a Localização Anatômica:
- Vias baixas: cistite, uretrite, epididimite, orquite e prostatite.
- Vias altas: pielonefrite.
Etiologia:
Enterobactérias aeróbias gram-negativas, presente na flora intestinal, como:
- Enterococos faecalis
- Pseudomonas aeruginosa
- Staphylococcus saprophyticus
- Candida
- Escherichia coli (principal agente de infecção do trato urinário de origem comunitária).
As enterobactérias são os microrganismos mais frequentemente encontrados nesses processos infecciosos, representando em torno de 70 a 80% das amostras isoladas na rotina de laboratório (Foxman, 2014).
Fatores Predisponentes:
- Sexo feminino
- Idade
- Diabetes mellitus
- Cálculos do trato urinário
- Obstrução no trato urinário
- Imunodeficiência
- Portadores de complicações na próstata
As mulheres são mais suscetíveis à infecção por terem uretra curta, que facilita a ascensão de microrganismos da flora colônica que habita a pele perineal e por questões hormonais.
Sinais e Sintomas:
- Disúria
- Polaciúria
- Dor lombar ou suprapúbica
- Urgência miccional
- Nictúria
- Piúria (urina turna)
- Hematúria
- Febre
- Calafrios
Classificação:
- Complicada: abrange as infecções sintomáticas associadas a causas obstrutivas (hipertrofia prostática benigna, tumores, urolitíase, presença de corpos estranhos), causas anátomo-funcionais (bexiga neurogênica, refluxo vesico-ureteral), metabólicas (insuficiência renal, diabetes mellitus, transplante renal), retenção urinária causada por uma doença neurológica, e emprego de qualquer tipo de instrumentação, como por exemplo, uso de cateter.
- Não complicada: refere-se a pacientes não grávidas, sem anormalidades anatômicas, de origem comunitária (níveis ambulatoriais) e sem instrumentação do trato urinário.
- Recorrentes: pacientes que apresentem mais do que duas infecções por ano, ou devido a fatores que mantêm a infecção, como cálculos.
- Agudas
- Crônicas
Diagnóstico:
- Exame de urina I
- Urocultura
- Antibiograma
A urocultura, classificada como padrão ouro ao diagnóstico, é considerada positiva quando é possível observar colônias de bactérias em quantidade maior ou igual a 105 unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/ ml), mas sem sinal local ou sistêmico da infecção (Hinrichsen, 2009; Martins et al., 2010; Menin e Grazziotin, 2010).
Tratamento:
- Antibioticoterapia (ATB) via oral ou intravenoso, que podem variar de 3 dias a 4 semanas dependendo da gravidade.
Orientações de Enfermagem - Prevenção de ITU:
- Ingerir líquidos regularmente (2-3 litros água/dia).
- Ao sentir vontade de urinar, eliminar imediatamente (não pode segurar).
- Higienize as mãos antes e depois de urinar.
- Mulheres: após urinar, fazer a higiene íntima adequadamente (sentido anterior para posterior, ou seja, de frente para trás).
- Observar e manter a urina com aspecto amarelo claro e com cheiro discreto.
Fonte do Vídeo: Youtube.
Leitura Complementar:
Sociedade Brasileira de Pediatria (Diretrizes)
Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
Referência:
Revista Científica Fagoc Saúde - Volume I - 2016.
Data da última revisão: março de 2017.